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Tashkent é a capital do Uzbequistão, uma cidade com cerca de dois milhões e meio de habitantes com uma particularidade: encontra-se praticamente junto à fronteira com o Cazaquistão.
Poderá não ser a mais charmosa cidade do país, mas é uma urbe uzbeque, o que significa que será sempre fascinante. É feita de contrastes e contradições, maioritariamente recente mas com um núcleo histórico interessante. Na verdade, e quando acabar de visitar o Uzbequistão, verá que Tashkent é uma cidade que vale a pena explorar.
Em algumas zonas é uma cidade moderna, enquanto noutras parece ser tocada por uma ruralidade que o surpreenderá. E apesar de não parecer, é uma das cidades mais antigas da Ásia Central. Infelizmente muito do seu património histórico foi danificado ou destruído pelo violento sismo de 1966.
Aqui terá a oportunidade de observar os aspectos herdados da era soviética, visitar os melhores museus do Uzbequistão e, se quiser, estabelecer uma base para expedições de dia inteiro a locais como o Parque Nacional de Ugam-Chatkal.
Como chegar a Tashkent
Despachadas as formalidades de chegada, poderá o visitante sair para o exterior do terminal internacional.
- Depois de atravessar o parque de estacionamento e mesmo antes da estrada principal encontrará a paragem dos autocarros que o poderão levar até ao centro da cidade, localizado a cerca de 18 km. O preço da passagem deverá ser 1000 SOM, que pagará ao condutor à saída. Existem também, marshrutkas, carrinhas de transporte de passageiros partilhadas, cujo bilhete custa um pouco mais.
- Se preferir o conforto de um táxi, o preço justo andará pelos 2 ou 3 dólares, mas se não falar russo ou uzbeque será complicado convencer os condutores a transportá-lo por esses valores.
Não caia na tentação de aceitar o serviço das primeiras abordagens. Os homens que esperam os passageiros à saída do terminal são quase todos condutores não licenciados. Será melhor evitá-los e encontrar o parque de táxis oficiais.
Visitar Tashkent
Madraças: Kukeldash e Barak Khan
- A madraça Kukeldash que fica localizada junto ao mercado de Chorsu e à Mesquita Juma, foi inicialmente construída em 1570, mas ao longo do tempo sofreu danos diversos, especialmente dos diversos sismos que abalaram a região. Foi renovada já no século XX, sendo uma das principais atracções de Tashkent, mas como está ainda em funcionamento a visita é limitada.
- A madraça Barak Khan é também do século XVI, mandada construir por Suyunidzh-khan, localizando-se na praça Khast Imom. A sua biblioteca está especialmente bem apetrechada, contando com alguns manuscritos de grande valor como o Corão do Califa Osman. Os antigos aposentos dos estudantes foram transformados numa galeria de lojas de recordações.
Teatro Navoi
- O edifício do Teatro Navoi foi concebido pelo arquitecto Alexey Shchusev, que criou o Mausoléu de Lenine e a estação de caminhos de ferro Kazanskaya , em Moscovo. A construção iniciou-se antes do início da Segunda Guerra Mundial, num terreno onde antes existia um mercado de vinho, mas só foi terminada em 1947.
- Assistir a uma peça no Navoi é um privilégio, uma forma de sentir o cuidado que as autoridades soviéticas dedicaram às artes, desenvolvendo o gosto pelo teatro, pela ópera e pelo ballet. O preço dos bilhetes é muito mais acessível do que nas salas de Moscovo, não sendo impossível adquirir um dos ingressos mais económicos por cerca de 1 Euro. Quase todos os dias existem performances, podendo consultar a agenda no seu website oficial.
- Os bilhetes podem ser comprados no local, até às 18:00, hora a que habitualmente se inicia o espectáculo. Deverá tentar chegar mais cedo, para apreciar a arquitectura do edifício e apreciar calmamente a grandiosidade dos seus interiores. Note que se deverá vestir minimamente bem, não sendo permitida a entrada a pessoas de calções, chinelos ou calçado desportivo.
Mercado Chorsu
- A visita a este mercado é essencial em qualquer passagem pela capital uzbeque. Localiza-se junto ao que resta da cidade antiga e o seu nome significa em farsi “quatro riachos” ou “cruzamento”.
- O seu edifício central tem uma arquitectura muito própria, enquadrada no espírito do chamado Orientalismo Soviético, com uma enorme cúpula assente sobre uma série de arcos. Em seu redor encontram-se pavilhões menores e bancas de venda que se dispersam pelo espaço envolvente.
- Chorsu é um pequeno mundo, considerado um dos melhores mercados da Ásia Central. Ali se encontra de tudo, por vezes de forma ordenada, distribuída por áreas especializadas, por vezes sem a mesma ordem, numa espiral de caos.
- Existem ali locais de venda de vegetais e legumes, carnes, pão, frutos secos, flores. Há cafés e restaurantes, bancas de comida de rua. Há de tudo. E também muita cor e vida.
- Se não estiver alojado nas imediações pode chegar até ao mercado usando o metro de Tashkent e saindo na estação Chorsu.
Hotel Uzbekistan
- O edifício do Hotel Uzbekistan será talvez o melhor exemplar de arquitectura soviética na cidade, impressionando pelas dimensões e pelo perfume do passado que detém.
- E o melhor é que até poderá lá ficar alojado.
- Pagará uns 75 Euros por um quarto duplo e deverá usufruir da experiência sem grandes expectativas mas deixando a sua imaginação fluir para outros tempos, quando destacados líderes soviéticos e altos agentes do KGB aqui se alojavam.
Memorial do Sismo
- Este monumento, também conhecido como Memorial da Coragem, foi erigido em 1976, mas comemorações do décimo aniversário do grande sismo de 1966.
- No dia 26 de Abril desse ano um abalo sísmico com uma potência de 9 na escala de Richter arrasou uma boa parte da cidade, estimando-se que um quarto de milhão de pessoas tenham perdido os seus lares.
- O monumento, criado por D.B. Ryabichev e S. R. Adylov, honra todos aqueles que se empenharam na reconstrução de Tashkent, sendo um excelente exemplar de estatuária soviética.
Museu de História do Povo do Uzbequistão
- Um espaço essencial para a compreensão do Uzbequistão e do seu povo. Foi fundado em 1876, sendo anteriormente conhecido como Museu Nacional do Turquistão e como Museu Lenin, foi modernizado recentemente e enriquecido com novos espaços de exposição.
- Conta com um espólio de cerca de 250 mil peças, incluindo uns 60 mil artefactos arqueológicos, 80 mil moedas e 16 mil objectos de cariz etnográfico.
- Uma boa parte disto se encontra distribuído pelos quatro andares do museu, organizados de forma cronológica. É uma exposição interessante, diversificada, cheia de surpresas.
- O museu encerra às Segundas-feiras, estando aberto nos outros dias entre as 10:00 e as 17:00.
Museu Estatal de Arte
- O Museu de Belas artes tem uma exposição que cobre o último milénio e meio de produção artística no território que é hoje o Uzbequistão. Foi fundado em 1918, com um espólio inicial formado por peças confiscadas pelos soviéticos aos seus anteriores proprietários, especialmente à família imperial, os Romanov.
- Inicialmente chamava-se Museu da Universidade Nacional e estava alojado num palácio dos Romanov, transitando mais tarde para a chamada Casa do Povo. Esta, foi demolida em 1974 e o museu foi mudado para as actuais instalações, no centro da cidade. O edifício foi desenhado em forma de cubo pelos arquitectos I.Abdulov, A. Nikiforov e S. Rosenblum.
- Ao espólio original foram adicionadas peças transferidas de outros museus estatais, do Uzbequistão mas também de Moscovo e de São Petersburgo. Hoje podem-se ver ali trabalhos de I.Shishkin, P. Benkov, V.Vereshchagin, Z. Kovalevsky e A. Bellolil, para referir apenas alguns nomes, e há mesmo uma secção de artes aplicadas.
Museu de Arte Aplicadas
- A história deste museu remonta a 1927, quando foi aqui organizada a primeira exposição.
- Chamado originalmente de Museu de Artesanato, foi reestruturado em 1997, assumindo o seu actual nome.
- O seu espólio é composto por mais de sete mil peças, entre joalharia, bordados, tapeçaria e roupas tradicionais.
- A exposição está dividida em três grandes áreas: arte aplicada anterior a meados do século XIX, arte aplicada posterior a essa data e produzida segundo métodos tradicionais e arte aplicada contemporânea.
Parque Navoi
- Este parque urbano, localizado no centro da cidade, está pontilhado por edifícios governamentais da era soviética e uns quantos construídos já depois da independência.
- É um espaço amplo, onde se pode caminhar para descontrair, observar pessoas e ver vestígios da era da União Soviética.
Mausoléu de Kaffal-Shashi
- Kaffal-Shashi foi um homem santo, poeta e teólogo que viveu há mais de mil anos e que ainda hoje é respeitado e venerado na cidade. O actual mausoléu data do século XVI, localizando-se a noroeste da praça Khast Imom.
Mesquita Juma
- A história desta mesquita remonta ao início do século IX, tendo sido erigida no ponto mais elevado da cidade de então.
- Desde essa altura foi sucessivamente destruída e reconstruída e muitas vezes renovada a ampliada.
- A última intervenção data de 2003, quando foram adicionadas duas cúpulas à mesquita.
Mesquita Menor
- Esta mesquita, apesar do seu nome, merece uma visita.
- É também conhecida como Mesquita Branca, devido ao mármore daquela cor utilizado na sua construção, contra o qual contrasta o azul da sua cúpula.
- O mihrab – o nicho de uma mesquita que indica a direcção de Meca – é especialmente interessante, sendo ricamente ornamentado.
- O seu aspecto clássico pode induzir o visitante em erro.
- Na realidade, foi construída em 2014, fazendo jus à tradição arquitectónica islâmica. Tem capacidade para receber 2.400 fiéis.
Metro de Tashkent
- Quando em 1966 Tashkent foi arrasada por um grande sismo uma nova cidade nasceu ali.
- Os arquitectos urbanos soviéticos aplicaram os seus modelos baseados em amplas avenidas, muitos parques urbanos e edifícios de concreto seguindo os princípios arquitectónicos socialistas.
- E aproveitaram para dotar a cidade com um sistema de metro construído à imagem dos sistemas de Moscovo e São Petersburgo, fazendo das estações autênticos centros de arte.
- Cada estação é diferente, com elementos ornamentais sem fim, painéis de azulejos, faustosos candelabros.
- Caminhar nos seus túneis é um prazer para a vista e, tendo tempo, deverá explorar o maior número de estações possível.
O que visitar fora da Cidade
- Se ficar uns dias em Tashkent e quiser sair da grande cidade e respirar um pouco de ar fresco poderá fazê-lo.
- O Parque Nacional de Ugam-Chatkal fica a apenas uma hora de carro de Tashkent. Trata-se de um lugar considerado Património Mundial da Humanidade pela UNESCO e aqui pode partir para bons passeios pela natureza. Se não tiver uma viatura própria poderá usar a cidade de Chimgan como base.
- Para chegar a Chimgan, procure uma marshrutka para Gazalkent. Este transporte será encontrado junto à estação de metro de Buyuk Ipak, custando 4.000 UZS e demorando uns 50 minutos a chegar. Uma vez em Gazalkent terá que usar um táxi partilhado para chegar a Chimgan. Serão mais 40 minutos e menos uns 6.000 UZS no seu bolso.
- Se quiser poupar tempo e trabalho, um táxi privado directamente para Chimgan a partir de Tashkent deverá custar cerca de 100.000 UZS, ou seja, mais ou menos 10 Euros.
- Uma vez em Chimgan não deverá ter dificuldades em encontrar alojamentos e os seus anfitriões poderão arranjar as coisas para ter um carro ao seu dispôr para lhe mostrar o melhor da região por uns USD 50 para o dia inteiro.
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